Reflorestar é mais que plantar árvores:
é enraizar o respeito por cada espécie viva,
é descolonizar a mente, o consumo e o bolso,
é olhar para a tecnologia como se olha uma semente,
com a paciência do tempo e a urgência do agora,
pois o amanhã, essa miragem, começa em cada gesto
que fazemos hoje.
Reflorestar é semear novas ideias nos campos do imaginário,
arrancar as raízes do patriarcado que sustenta
esse tronco oco que chamamos de progresso capitalista.
O solo só voltará a ser fértil
quando a justiça social for regra e não exceção,
quando soubermos, enfim, que não somos donos deste planeta,
mas cuidadores, inquilinos temporários,
e nossa tarefa sagrada é devolvê-lo intacto,
vivo e verdadeiro, para as próximas gerações.
Tecno-reflorestar a nós mesmos é desaprender a pressa,
é usar a tecnologia para curar, não só para extrair,
programar redes de apoio, não só de lucro e controle.
É imaginar cidades que respiram com os rios,
que devolvem ao solo o que retiram,
onde a energia vem do vento e do sol,
e a fome é saciada pelas mãos coletivas
que plantam, colhem e repartem.
Essa é a revolução da floresta, popular e profunda,
onde a soberania não pertence a poucos mil,
mas ao povo solidário, ao povo que sabe
que a dignidade deve ser para todas, todos e todes,
não apenas para os tronos dos bilhões.
Não é cabível desmatar a vida,
ignorar as dores que brotam do outro lado do oceano,
pois um só é o planeta, uma só é a humanidade.
Que essa revolução seja uma urgência antiga,
não para 2050, vem sendo desde 1050,
desde que queimaram as florestas sagradas
e ergueram muralhas entre irmãos de mesma terra.
Hoje, nossa missão é reverter milênios de ganância,
devolver à terra o que foi roubado em nome do progresso,
fazer do cuidado o fundamento, reflorestar o mundo com dignidade,
com o solo nutrido por justiça,
com as sementes de um novo existir.
Evoluir, então, é mais do que números ou conquistas.
É um avanço de mãos dadas, onde a justiça em um canto é a justiça em todos.
É compreender que ser justo em nosso solo
é não cultivar a injustiça em terras alheias.
Reflorestar, repovoar as tecnologias,
é redescobrir que o poder não está nos bancos,
mas nos corações que desejam dignidade.
Esse novo sistema há de brotar,
e, como árvores em solo renovado,
crescerá forte, profundo e para todos.